O PRIMEIRO AUTOMÓVEL A MOTOR EM PORTUGAL
PANHARD & LEVASSOR, 1895
CILINDRADA: 1324 CC
VELOCIDADE MÁXIMA: 20 KM/H
ORIGEM: FRANÇA
No
dia 11 de Outubro de 1895, há 126 anos, pelas 5 horas da tarde, chegou a
Santiago do Cacém o primeiro automóvel a circular em Portugal, uma viatura Panhard-Levassor,
importada de Paris por D. Jorge de Avillez, 4.º Conde de Avilez, um jovem
aristocrata daquela vila alentejana. Tratava-se de um carro com uma
arquitectura que se viria a tornar clássica, com tracção traseira e com o motor
dianteiro longitudinal de dois cilindros em V, um V2 com 1324 cc.
O veículo havia chegado ao
porto de Lisboa uns dias antes, tendo sido objecto de grande curiosidade. Todos
queriam saber que maquineta era aquela! As peripécias continuaram na
alfândega de Lisboa, pois houve necessidade de decidir qual a taxa a aplicar, já que se tratava da primeira importação de um automóvel com motor a combustão. Hesitaram entre máquina agrícola ou máquina movida a vapor e acabaram por se decidir por esta
última. Depois da montagem dos vários componentes numa oficina de carruagens da baixa lisboeta e da colocação em marcha do seu motor de explosão, o Panhard & Levassor iniciou a sua primeira viagem em Portugal, que havia de demorar três dias, em direcção a Santiago do Cacém, a uma velocidade máxima de 15 km por hora
Foi uma viagem dura e
atribulada, pois as estradas da época nada tinham a ver com as dos dias de hoje,
eram de terra batida, cheias de altos e baixos. O carro tinha rodas de
madeira e aros de ferro, e atingia uma velocidade máxima da ordem dos 15
km/h. Durante o trajecto, à chegada a Palmela, ocorreu o
primeiro acidente de viação em Portugal, tendo como vítima um burro. O pobre
animal encontrava-se na estrada a fazer o seu trabalho de carga, habitual na
época e o automóvel, embalado na descida, só parou quando embateu no burro.
Dizem que o automóvel não travou, apenas abrandou, tendo sido o animal a deter o carro, que não sofreu quaisquer danos, ao contrário do burro, cuja morte obrigou ao pagamento de uma indemnização de dezoito mil reis (o triplo do valor de um burro à época).
Posteriormente e porque na
época não havia estações de serviço para abastecimento, o proprietário da
viatura resolveu atestar o depósito com petróleo de iluminação, em vez da
benzina que devia utilizar, o que fez com que o motor não voltasse a pegar, tendo sido necessária uma limpeza do depósito e do motor, para que a máquina
voltasse a funcionar.
O veículo pioneiro é propriedade do automóvel Clube de
Portugal e encontra-se exposto no Museu dos Transportes e Comunicações, no Porto. (foto abaixo)