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sexta-feira, 14 de agosto de 2020

A nossa AR




Afinal, a nossa AR é mesmo constituída por ratos. Ratos, não. Ratazanas. Daquelas gordas de esgoto. Barrigas cheias de lixo e excrementos, ninguém as quer por perto, com receio de contágio de doenças terríveis.

Não temos lá homens nem mulheres. Temos uma seita de parasitas que, por falta de capacidades administrativas, embora muitos tenham uma vasta experiência como administradores da treta, secam tudo à sua volta. Plantação de ervas daninhas que prolifera, avança, dissemina o seu parasitismo, eliminando, sugando tudo e todos os que ainda são capazes e produtivos.

Fazem-me lembrar uma frase que se dizia bastante há uns anos atrás: «Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe.» É isso mesmo. Eles não sabem nem sonham. Não imaginam o que é viver com um salário mínimo cada vez mais magro. Não sabem o que é ter que pagar casa, água, electricidade. Não sabem o que é ter que sustentar filhos com esses míseros salários. Não sabem o que é passar noites sem dormir porque não se sabe como se vai alimentar as crianças no dia seguinte ou pagar as contas, ou pedir ao senhorio para adiar mais um bocadinho o pagamento da renda.

Eles não querem saber porque não precisam de saber. Gostam de não saber. É-lhes conveniente não saber.

E claro que sentem raiva de quem sabe. De quem os pode envergonhar. Esfregar-lhes na cara a sua ignorância.

Ninguém gosta de ser confrontado com a falta de conhecimentos.

E os arrogantes e charlatães ainda gostam menos.


Esganício Escarrapachado