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quinta-feira, 12 de outubro de 2023

A Arte Maconde

 

A Arte Maconde (Tânzania / Moçambique)

Os macondes são um grupo étnico bantu que vive no sudeste da Tanzânia e no nordeste de Moçambique, principalmente no planalto de Mueda e Muidumbe, tendo uma pequena presença no Quénia. Um povo valente e guerreiro que sempre resistiu às tentativas de conquista tanto de outros povos africanos, como dos árabes e traficantes de escravos. Aceitaram a subjugação colonial portuguesa apenas nos anos vinte do século XX.


A arte dos macondes é multiforme, como na maioria dos povos, mas é conhecida internacionalmente pela escultura em madeira. Na região de onde os macondes são originários, no nordeste de Moçambique e sueste da Tanzânia, é conhecida também pela música e dança e pelos entrançados de palha, com que fazem belas esteiras, cestos e outros adereços para o lar.

A escultura maconde mais conhecida é feita em pau-preto, a madeira das árvores da espécie "Dalbergia melanoxylon", também conhecidas internacionalmente pelo nome swahili “mpingo”. 

Estas esculturas têm três estilos principais:

1: ”Shetani”,que significa “demónio”, são esculturas de figuras humanoides ou animais muito estilizadas;

Máscara Shetani

2. ”Ujamaa”,que significa família ou união, e são formadas por uma quantidade de pessoas, pelos seus instrumentos de trabalho e, por vezes, animais domésticos, artisticamente unidos, incluindo imagens humanas ou de animais ou ainda, por influência da colonização, de imagens religiosas, como crucifixos e imagens de Cristo ou de Nossa Senhora.

Escultura Ujamaa

3. Um outro tipo de escultura, mas com outro significado cultural são as máscaras “Mapico”, tradicionalmente usadas nas cerimónias finais e públicas dos ritos de iniciação masculina. Estas máscaras são normalmente feitas com uma madeira leve e clara, muitas vezes da sumaúma brava, amplamente ornamentadas com panos e penas, e são colocadas sobre a cabeça do dançarino, de modo que ele consiga olhar pela boca da máscara. As cabeças são de animais ou pessoas, complementadas com pelos ou cabelo naturais, e podem caricaturar personagens conhecidas da comunidade, incluindo dirigentes ou antigos colonos ou militares.

Máscara Mapiko

De nacionalidade tanzaniana, um dos artistas macondes mais conhecidos na Europa foi George Lilanga, escultor e pintor.


Sobre as Máscaras Macondes

As máscaras Macondes são motivo de grande interesse por parte de coleccionadores e estão expostas em vários museus da Europa e Moçambique. São consideradas a melhor representação da arte da escultura em madeira, nativa Moçambicana, feita pelos Macondes.

A máscara Lipiko é esculpida para o ritual do Mapiko-dança. É executada em madeira leve, pelos escultores ou homens velhos da aldeia, feitas no Mpolo, pequena casa destinada para o efeito, longe de todos os olhares.


Para a dança, o Mapiko ou dançarino enfia a máscara, de maneira a ficar com a cabeça tapada e com o rasgo da boca à altura dos olhos. À volta do pescoço, um pano colorido de seda tapa o bordo da máscara, conjugando uma indumentária complexa que procura esconder todo o corpo do dançarino, não permitindo revelar a sua identidade.

Esta impressionante dança cheia de força, expressividade e misticismo, num ambiente de euforia ao som de cânticos estridentes e tambores, é executada nas principais festas e cerimónias da aldeia e, sobretudo, nos ritos de iniciação dos jovens e das mulheres, que têm por objetivo integrar o indivíduo no seu novo grupo social. Entre os macondes, os ritos de passagem envolvem toda a população, e estão presentes no nascimento, puberdade, casamento e morte.

As máscaras dos macondes traduzem os antigos usos, costumes, tradições e superstições. São de grande interesse etnográfico e revelam a identidade do povo maconde.